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"Mente sã, corpo são"

Postado em 26 de outubro de 2016


O poeta Juvenal profetizou o que hoje os cientistas comprovam: estudos nacionais e internacionais têm apontado cada vez mais a relação entre estresse e desequilíbrio emocional intenso com o sistema endócrino e imune. "Isso nos permite compreender que estados emocionais alterados podem atuar como portas de entrada para doenças oportunistas como o câncer, por exemplo", afirma Natalia Frizzo, psicóloga da Clínica Oncotrata.

Por isso, o acompanhamento psicológico também é ferramenta fundamental na batalha contra o câncer. "Ele atua auxiliando o paciente a desmistificar crenças negativas associadas a essa doença. Através dele é possível definir estratégias saudáveis de enfrentamento do câncer, proporcionando uma escuta ativa e um acolhimento a todas as demandas emocionais e facilitando a elaboração do luto provocado pelo diagnóstico", conta a psicóloga.

Segundo Natália, a maneira como se enfrenta esse período, os aliados que se buscam, as adaptações físicas e emocionais às quais o paciente se submete, dirão sobre a qualidade de vida que ele pode manter ao longo do tratamento e ressocialização após o término do mesmo. "A gente não escolhe adoecer, mas a gente pode escolher como vai vivenciar e enfrentar esse adoecimento. Segurança emocional é uma questão chave durante o tratamento. Se eu me sinto seguro com o tratamento que estou realizando, nas intervenções, no contato com o profissional que me assiste, com o meu médico, com o meu psicólogo, se eu consigo verbalizar aquilo que me angustia, que me causa dúvida, eu consigo aderir muito melhor a essa terapêutica também", complementa.

A psicóloga conta que costuma lidar com o diagnóstico de câncer com a metáfora de um banco de três pernas, onde a base do banco é o paciente, e as três pernas seriam: o tratamento, onde se encontra um diagnóstico correto e uma medicação eficaz; a rede de apoio, já que ninguém adoece sozinho e todos precisam de aliados e apoiadores; e a espiritualidade, independente se o paciente possui alguma religião, se ele acredita em Deus, em alguma energia, ou até mesmo se ele acredita simplesmente na ciência, a crença que ele carrega faz toda a diferença no resultado. "É preciso que as três pernas se mantenham firmes para que o banco não caia", afirma Natalia.

O acompanhamento psicológico se faz ainda mais necessário quando o tratamento do câncer gera perdas físicas, como é o caso da cirurgia de mastectomia, que consiste na retirada total de uma ou das duas mamas. De acordo com Natalia, o seio está associado a alguns significados importantes para a mulher. Em primeiro lugar a maternidade, aquilo que a mulher desempenha como função social de mãe, o ato de amamentar, de nutrir, do contato com o filho, e do afeto que isso envolve. Em seguida vem a feminilidade, a imagem corporal, como a mulher se enxerga no espelho, como ela está habituada a se sentir e se tocar, a interagir com o meio social através das roupas que usa, do comportamento que aquele órgão em específico permite executar. E por último, e tão importante quanto os outros, está a sexualidade. "O seio vem carregado desse processo social e cultural de desejo, de atração, de interação sexual com o parceiro".

"A perda da mama pela mastectomia provoca uma mutilação e é preciso reconhecer a necessidade de uma readaptação da identidade perdida. O impacto que isso pode provocar no emocional pode ser tristeza, um sentimento de rejeição, um isolamento e até depressão. Do ponto de vista emocional, é preciso trabalhar a capacidade de aceitação dessa nova imagem, o significado atribuído a esta perda, e a valorização da reconquista gradual da saúde e da autoestima após a cirurgia", completa a psicóloga.

No caso dos homens, o câncer de próstata acaba sendo associado, muitas vezes, ao sistema de impotência sexual. Contudo, existem fatores que devem ser levados em conta: o procedimento cirúrgico ao qual o paciente é submetido, o tamanho do tumor, a idade do paciente, a função sexual prévia ao tratamento, etc.

"Estima-se que a maioria dos pacientes recupera-se em cerca de seis meses a um ano, e para isso existem diversas terapias que facilitam este processo. A questão é que, muitas vezes, esse é um sintoma momentâneo e reversível, porém a tristeza, a ansiedade e o estresse desestruturam psiquicamente o sujeito, contribuindo ou desencadeando uma possível disfunção erétil". Para Natalia, o importante, nesses casos, é trabalhar as expectativas quanto ao procedimento, a reabilitação e a recuperação, e auxiliar o paciente a compreender as diversas maneiras de investimento em prazer e desejo que podem ser mantidos mesmo ao longo do tratamento. "O medo de errar e a pressa em acertar podem gerar novas ansiedades como em um ciclo vicioso, e que pode limitar a elaboração e readaptação do paciente após o tratamento", afirma.

Por isso, lembre-se: manter a mente sã é fundamental para a conquista de um corpo são! Não podemos subestimar o poder que o nosso emocional possui frente às adversidades! Contra o câncer, qualquer ajuda é essencial! Cuide-se!

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