É possível, sim. Para isso é preciso entender o que é a Doença de Parkinson, suas limitações e, principalmente, conhecer seus sintomas para que o diagnóstico seja precoce. De acordo com a Associação Brasil Parkinson, a Doença de Parkinson - DP é uma doença neurológica e progressiva, causada pela degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem uma substância chamada dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina acaba afetando os movimentos do paciente, causando sintomas como tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita.
Não existem, ainda, exames e testes específicos para o diagnóstico da DP, a comprovação da doença acaba sendo feita com base em histórico clínico e exame neurológico. A evolução é bem variável, de paciente para paciente, mas o processo é vagaroso, não passando por mudanças drásticas.
"O diagnóstico de Parkinson é um acontecimento sério na vida de uma pessoa, o modo como o paciente interpreta o fato é muito importante. Disso vai depender a maneira como ele se sente e o que ele fará diante desta constatação", conta a psicóloga Neusa Chardosim. Segundo a doutora, os primeiros sintomas da DP podem passar despercebidos por serem leves, podendo haver tremor no polegar, que vem e vai, uma sensação de tremor interno, déficit olfativo ou a escrita pode ficar pequena. "Com o passar do tempo, a presença de sintomas motores vai se intensificando, e os sintomas não motores, como apatia, insônia, depressão, e perda de peso, vão se evidenciando".
A maior parte dos pacientes com a DP conseguem manter a capacidade de aproveitar a vida por bastante tempo, apesar dos sintomas. Como é o caso da Sr. Augusta Paula de Campos, hoje com 90 anos. O diagnóstico de DP aconteceu há, aproximadamente, 6 anos, depois de 2 anos de exames e testes. "Ela tinha dificuldades para caminhar, mas os médicos achavam que era algum problema na coluna, pois os tremores característicos do Parkinson não aconteciam. Os sintomas foram intensificando, subindo para o intestino, afetando a motricidade fina, e depois surgiram problemas com a fala e engasgos", conta a professora Maria Nanci, filha da Srª Augusta. Apesar do diagnóstico dificultado, assim que descobriu a DP, a srª Augusta iniciou o tratamento com medicação, apresentando melhoras já nos primeiros dias. "E nesses 6 anos a doença praticamente não evoluiu", afirma.
As mudanças foram grandes na família. A srª Augusta morava sozinha e tinha uma vida praticamente independente. Hoje, vive em uma casa geriátrica, onde recebe todo tratamento necessário para viver bem com Parkinson. Faz fisioterapia duas vezes na semana, terapia ocupacional, atividades manuais, lê revistas e jornais e mantém-se ativa. Faz tudo isso com autonomia, e cercada de amigas. "A mãe tem uma excelente qualidade de vida, tem vontade de viver, pensamento positivo e muita espiritualidade", conta Nanci. "É claro que não é fácil, mas a gente tem que aprender a lidar, tem que ter pensamento positivo, se não podemos mudar a situação, então temos que aceitar, não é?".
Quando a família e os amigos do parkinsoniano mantêm uma postura positiva, eles ajudam a criar um espírito de bem-estar e aliviar muitos dos medos e ansiedades que podem acometer o paciente com Parkinson. "O que quer que aconteça, o paciente com a DP precisa aceitá-la como parte de sua vida. Aqueles que aceitam sua condição e procuram informar-se são capazes de melhor programar sua existência com a doença, inteligentemente", afirma a psicóloga.
Um importante ferramenta para essa aceitação é a participação em grupos de apoio. "Eles integram o pa
ciente na sociedade, mostrando que ele não está sozinho nessa batalha, os pacientes e seus familiares conseguem dividir suas angústias com pessoas que também passam pela mesma situação". A psicóloga afirma, ainda, que o sucesso do tratamento envolve muito mais que o uso de medicamentos, "é essencial que o tratamento seja feito por meio de um trabalho integrado envolvendo pacientes, familiares, cuidadores e profissionais que estão ligados ao tratamento, buscando uma melhor qualidade de vida deste paciente. Esta equipe multiprofissional compreende os atendimentos com neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e dentistas", conclui.