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Saiba quais são os principais mitos e verdades sobre o câncer de mama

Postado em 15 de outubro de 2020


O câncer de mama é o tumor maligno que mais causa morte entre as mulheres. Juntamente com a prevenção e o diagnóstico precoce, a informação é uma das principais armas contra a doença.

Nesses casos, a internet pode ser uma ótima aliada, prestando informações relevantes ao público feminino. Mas também pode ser uma armadilha, pois está lotada de informações imprecisas e mitos que atrapalham o tratamento eficaz da doença.

Por isso, convidamos o médico oncologista Pedro Emanuel Rubini Liedke para esclarecer os principais mitos e verdades sobre o assunto. Confira!

Ninguém na minha família tem câncer de mama. Por isso não corro risco de desenvolver a doença.

Mito: a maioria dos diagnósticos de câncer de mama são os chamados esporádicos, isto é, ocorrem sem fatores de risco familiares.

Todo caroço na mama é câncer.

Mito: a maioria dos nódulos mamários são benignos, especialmente em mulheres jovens e que ainda menstruam. Na dúvida, consulte seu médico.

Se eu fizer o autoexame regularmente, não preciso de outros exames.

Mito: para detectar um câncer de mama por autoexame, é necessário que ele já tenha cerca de 1cm de tamanho ou mais. Tumores menores geralmente são detectados apenas com exames de imagem. Por esta razão é que a mamografia hoje é recomendada, mesmo em mulheres sem nódulos palpáveis, como exame de rastreamento.

A biópsia do câncer de mama pode causar metástase.

Mito: não há evidências médico-científicas que biópsia do câncer aumente o risco dele se disseminar e causar metástases. A biópsia é essencial para diferenciar alterações mamárias benignas e malignas, bem como para decidir o melhor tratamento no caso de diagnóstico de câncer.

Mulheres obesas ficam mais suscetíveis à doença.

Verdade: obesidade é um fator de risco para desenvolvimento de câncer de mama, especialmente em mulheres na menopausa. Em mulheres na pré-menopausa esta relação não é tão clara.

Mulheres com seios pequenos não têm câncer de mama.

Mito: o tamanho do seio não impede o desenvolvimento de tumores de mama. Fatores como a densidade da mama, isto é, a quantidade de glândulas mamárias dentro do seio, são mais importantes para definir risco de câncer.

Quem inicia a menstruação muito cedo ou é mãe depois dos 30 anos tem maior probabilidade de desenvolver o câncer de mama.

Verdade: um período mais longo entre a menarca (início da menstruação) e a menopausa (parada da menstruação) é um fator de risco para câncer de mama. Em relação à gestação, mulheres que têm a primeira gestação completa antes dos 30 anos de idade têm uma redução de risco para ocorrência de câncer de mama em comparação às mulheres que têm a primeira gestação completa após os 30 anos de idade. Nuliparidade, isto é, não gestar, por sua vez parece aumentar um pouco o risco de câncer de mama.

Amamentar ajuda a proteger a mulher contra o câncer de mama.

Verdade: mulheres que amamentam por mais tempo têm menor risco de câncer de mama dos que as que nunca amamentaram.

A terapia de reposição hormonal pode ser um fator de risco para o câncer de mama.

Verdade: a terapia de reposição hormonal consiste em uso de hormônios femininos em mulheres que já pararam de menstruar pela menopausa. O uso por períodos prolongados pode aumentar um pouco o risco de câncer de mama e isto deve ser pesado em relação aos potenciais benefícios em termos de sintomatologia e qualidade de vida da menopausa e outros aspectos da saúde. O uso por períodos menores de 3 anos não parece aumentar o risco de câncer de mama. Para mulheres com história pessoal prévia de câncer de mama, terapia de reposição hormonal é contraindicada.

Pílulas anticoncepcionais aumentam o risco para o câncer de mama.

Controvérsia: o uso de anticoncepcionais tem sido considerado seguro para a absoluta maioria das mulheres havendo vários estudos que não mostraram aumento de risco para câncer de mama em usuárias. Um estudo recente que teve uma grande repercussão sugere um pequeno aumento de risco de câncer de mama, na ordem de 1 caso a mais por ano para cada 7690 mulheres. Quando considerado apenas mulheres abaixo de 35 anos de idade, o risco foi de 1 caso a mais por ano para cada 50 mil mulheres. Por outro lado, seu uso parece reduzir o risco de câncer de ovário. Os riscos da anticoncepção devem ser pesados em relação aos benefícios em termos de planejamento familiar e isto deve ser discutido com seu(sua) médico(a). Para mulheres com histórico pessoal de câncer de mama, anticoncepção hormonal é contraindicada.

Desodorantes favorecem o aparecimento do câncer de mama.

Mito: uso de desodorantes não afetam o risco de câncer de mama nem para mais, nem para menos.

Praticar uma atividade física ajuda a reduzir os riscos de desenvolver a doença.

Verdade: Estudos sugerem que atividade física regular pode reduzir o risco de câncer de mama, especialmente em mulheres que estão na menopausa.

Pancadas nos seios pode causar câncer de mama.

Mito: o traumatismo da mama é frequentemente relacionado à ocorrência de câncer, mas não há nenhuma evidência médico-científica de que isto ocorra.

Homens também podem ter câncer de mama

Verdade: apesar de não ter a glândula mamária desenvolvida como as mulheres, os homens também têm tecido mamário e podem desenvolver câncer de mama. O tratamento do câncer de mama masculino é similar ao tratamento do câncer de mama em mulheres.

É preciso retirar toda a mama para tratar o câncer.

Mito: hoje já é bem conhecido que o tratamento do câncer de mama não necessita da retirada total da mama para ser eficaz. A maioria dos casos pode ser tratada com a cirurgia parcial da mama seguido por radioterapia, e as chances de cura da doença não são diferentes da cirurgia com a retirada total da mama (mastectomia). Em alguns casos de tumores mais avançados, a mastectomia ainda pode ser recomendada.

Quimioterapia causa enjoos.

Verdade: enjoos e vômitos são sintomas comuns de quimioterapia, porém muito variáveis entre indivíduos e também entre os diferentes tipos de quimioterapia. Hoje existe uma série de medicações disponíveis para uso antes da quimioterapia e em casa que reduzem muito a sensação de enjoo e ocorrência de vômitos, fazendo com que o tratamento seja bem tolerado na maioria dos casos.

Quimioterapia é o único tratamento para o câncer de mama.

Mito: o tratamento do câncer de mama é considerado multimodal e pode envolver diferentes combinações de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e terapia alvo. A necessidade ou não de cada uma destas modalidades de tratamento vai depender do tipo de câncer de mama e do estágio em que o câncer se encontra, bem como de fatores da paciente como idade e doenças prévias.

Todos os pelos do corpo caem com a quimioterapia.

Verdade parcial: quimioterapia é um nome geral que se dá para diferentes remédios. Alguns destes remédios, que comumente são usados no tratamento para câncer de mama, podem causar queda do cabelo e de outros pelos do corpo. Então a queda dos cabelos e pelos vai depender do tipo de quimioterapia utilizada. Hoje em dia existem métodos para se tentar minimizar a queda dos cabelos, utilizando aparelhos que resfriam o couro cabeludo durante a infusão de quimioterapia.

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