No início de janeiro, quando nossa campanha do mês falava sobre saúde mental, nem
pensávamos que em abril estaríamos vivenciando a realidade do isolamento social. A
ansiedade é natural neste período pois é uma situação com fatores desconhecidos e incertos que fazem com que todos se sintam inseguros, especialmente neste episódio de nível mundial.
Para te ajudar a lidar com situação, conversamos a psicóloga clínica e escolar, Giseli Fernandes.
Cabergs: O que realmente é relevante neste momento para manter o equilíbrio?
Giseli Fernandes: Neste momento, para manter o equilíbrio com tantas informações recebidas nos grupos de Whatsapp e na web, é muito importante focar na prevenção e nos cuidados com a higienização divulgados pelos meio de comunicação idôneos e confiáveis. Evitar o contato com muitas notícias o tempo todo é importante; elas fazem com você relembre e pense sobre a situação, o que acaba levando a até inventar novas maneiras de higiene (ditas mais eficazes nessas informações recebidas nos grupos por exemplo) ou modos novos de evitar o contágio. Isso gera muita energia (foco) para as situações que preocupam (claro, impossível não se preocupar), deixando a mente estressada e, com isso, o corpo e a mente acabam respondendo de maneira negativa.
Cabergs: Quais dicas práticas você poderia dar para manter uma mente sã neste período?
Giseli Fernandes: É interessante:
- Se distrair, fazer o que nunca tem tempo de realizar, ler livros, ver filmes, conversar com quem está junto em casa.
- Viver o momento de reclusão pensando nos pontos positivos que existem, embora muitos não enxerguem, pois estão focados na terrível situação. Seriam pontos positivos a desaceleração da vida, a proximidade maior da família, entre outras.
- Também se faz necessário o contato com pessoas, de maneira virtual mesmo, para falar de tudo um pouco.
Seguindo essas dicas, certamente tudo se tornaria muito mais leve. Não diz respeito a
esquecer o que está ocorrendo, e sim, achar pontos positivos em tudo isso e tentar manter a sanidade em meio à crise.
Cabergs: Para alguns a rotina do trabalho passou para dentro de casa. Como fica a ansiedade neste caso?
Giseli Fernandes: Também se faz necessário pensar que sair da rotina de trabalho e passar para home office será certamente mais estressante. Pois, além do trabalho, existe a demanda de casa, filhos, marido, esposa, entre tantas outras. Nesses casos, o mais importante é fazer o que é possível. Não ficar se cobrando de não ter feito algo, de ter deixado para depois ou até mesmo não ter dado conta. A situação é atípica e o funcionamento também vai ser, e é por um período.
Cabergs: Alguma dica neste caso?
Giseli Fernandes: Como dica, sugiro pensar em um dia de cada vez, pois é uma maneira de não se sobrecarregar. Fazer listas do essencial para o dia também auxilia no controle das emoções, mas lembrem-se: lista do essencial e não tudo que gostariam ou deveriam fazer.
Cabergs: Como gerenciar a ansiedade e o isolamento social?
Giseli Fernandes: Desfocar a atenção do que preocupa. O isolamento por si, já gera ansiedade.
Tu não poder ir e vir causa um estresse tremendo. Então nesse momento seria de extrema importância não planejar, não criar expectativas e nem contar os dias que faltam, pois isso faz a energia ser voltada somente a isso e a ideia é sair desse círculo. Seria importante, em um momento mais ansioso, buscar falar com alguém (virtualmente), conversar em grupos e chamadas de vídeo.
Cabergs: Alguma dica para controlar a ansiedade?
Giseli Fernandes: Tentar descobrir o que gosta de fazer em casa e apostar nisso. Fazer exercícios? Cozinhar? Assistir tv? Maratonar séries? Brincar com os filhos? Cantar? Dançar? Pintar? Reformar? Somente desfocando a atenção do que gera a ansiedade é que ela pode ser controlada.
Durante este período da quarentena, busque se informar o máximo possível, pois manter a saúde mental em tempos de coronavírus é fundamental para que, todos juntos, possamos superar este momento.