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Especialista esclarece as principais dúvidas sobre Saúde Mental

Postado em 18 de março de 2019


Apesar de ser um tema pouco comentado, a Saúde Mental merece total atenção. Só no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 9,3% da população sofre com algum Transtorno de Ansiedade, enquanto 5,8% das pessoas possuem algum nível de depressão.

Para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre esse assunto, conversamos com a psicóloga Manuele Monttanari Araldi.  Ela é especialista em Educação Permanente em Saúde e integra a equipe do CAPS AD IV Céu Aberto, em Porto Alegre, um serviço do SUS especializado em atendimento em álcool e outras drogas. Confira a conversa da psicóloga com a Cabergs:

1. Como nós podemos definir a saúde mental? 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades". 

Podemos compreender que saúde mental é o equilíbrio emocional entre o fator interno e as demandas externas enfrentadas no dia a dia. Mas é importante ressaltar que saúde mental é um processo. Cada indivíduo tem a sua história, a sua constituição psíquica, as suas potencialidades e seus limites. A saúde mental é uma construção de cada um dos elementos da vida.
 
2. Quais doenças podemos citar que influenciam diretamente na saúde mental?

Em muitas situações, o indivíduo não tem, necessariamente, alguma psicopatologia, mas tem estratégias para lidar com seu dia a dia que lhe causam imenso sofrimento psíquico. Em termos de psicopatologias, podemos citar a Depressão, o Transtorno de Ansiedade Generalizada, o Transtorno do Pânico, a Esquizofrenia, dentre alguns dos mais comuns na sociedade brasileira.

3. Quais fatores externos influenciam na saúde mental?

A OMS cita como fatores externos associados a problemas de saúde mental as rápidas mudanças sociais, condições de trabalho estressantes, discriminação de gênero, raça, orientação sexual e classe social, exclusão social, estilo de vida não saudável, violência e violação dos direitos humanos.

4. Existe um perfil que esteja mais propenso a ter problemas de saúde mental?

Não, cada pessoa encontra suas formas de lidar com as questões de sua vida no dia a dia. E isto depende de uma série de fatores, que vão desde a infância até as suas condições atuais de trabalho.

5. Existe um estudo que revele um número aproximado de quantas pessoas sofrem em decorrência de problemas com saúde mental?

Existem dados estatísticos da OMS que traçam alguns parâmetros populacionais. No Brasil, 9,3% dos brasileiros têm algum Transtorno de Ansiedade, enquanto 5,8% da população possui algum nível de depressão. Em termos globais, a OMS refere que 3,6% da população mundial sofre com algum Transtorno de Ansiedade, enquanto 4,4% da população global sofre com algum tipo de Depressão. Estes dados aumentaram significativamente em relação às pesquisas da década anterior.

6. Como a Medicina e a Psicologia têm tratado esses casos?

Ambas áreas têm evoluído muito nas últimas décadas no que se refere à promoção, prevenção e tratamento em saúde mental. Diferentes abordagens têm sido criadas e outras têm se consolidado ainda mais nestas áreas. 

Há algum tempo se potencializava muito as medicações, que acabam inviabilizando aspectos importantes da vida. Atualmente há uma reflexão maior em relação à medicação para que ela não influencie em ouras áreas da vida do paciente. Além disso, anteriormente os tratamentos em saúde mental estavam centrados em internações hospitalares. Em muitos casos entendia-se a internação psiquiátrica como único tratamento possível. Hoje se compreende que a internação é apenas um dos dispositivos, que assim como qualquer outra internação hospitalar, deve ser a última medida, em casos extremamente pontuais.

7. Como familiares e amigos podem perceber uma pessoa que tem enfrentado problemas nessa área?

Quando a pessoa apresenta isolamento social, relações interpessoais conflituosas ou dificultosas, baixa autoestima e baixa confiança em si próprio, distorções da realidade, alterações bruscas ou súbitas de humor. Porém é necessário que familiares e amigos tenham cuidado nestas percepções, porque as questões psíquicas aparecem de formas diferentes para cada pessoa. É necessário cuidado na forma de abordá-las.

8. Como auxiliar e colaborar com quem está enfrentando problemas nessa área?

Acima de tudo, respeito com as histórias, tristezas e com o sofrimento do outro. Muitas vezes as pessoas tendem a comparar histórias e sofrimentos, mas cada pessoa tem a sua história. E todo sofrimento deve ser respeitado. É sempre muito importante ter um canal de escuta aberto, muito mais do que de conselhos e sugestões. As intervenções devem ser deixadas para os profissionais da área.

9. Quais hábitos podemos adotar para cuidar na nossa saúde mental?

Hábitos de vida saudáveis, cuidando da alimentação, do corpo e do sono. Sujeitos que se sentem respeitados por quem são em suas famílias, relacionamentos e espaços de convívio tendem a ter menos problemas de saúde mental.

10. Há mais alguma coisa que você gostaria de falar ou ressaltar sobre esse tema? 

É necessário que a sociedade debata tranquilamente sobre a questão da saúde mental, que hoje ainda é considerada um tabu. Muitas vezes o tema é debatido em uma tentativa de categorização e classificação que encaixem pessoas em sintomas. 

Quando necessário, busque um profissional da saúde mental com formação técnica e específica para realizar o acompanhamento. Este aspecto é muito importante de ressaltar, pois estes profissionais dedicam-se a estudar e pesquisar formas de promoção, prevenção e tratamento baseadas em pesquisas científicas e na experiência de profissionais da área.

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