Como já falamos aqui no blog Vida em Equilíbrio, no Brasil o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre o sexo masculino. Por isso, o médico oncologista e Diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Dr. Volney Soares Lima, conversou com a Cabergs e esclareceu as principais dúvidas sobre o assunto. Confira a entrevista:
- Quais fatores podem causar o câncer de próstata?
O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade. Com o aumento da expectativa de vida, a tendência é que se observe um aumento da incidência da doença. A obesidade também deve ser evitada, pois é um fator de risco para câncer em geral.
- O câncer de próstata é mais comum em qual faixa etária?
É mais frequente a partir dos sessenta anos de idade.
- Qual é a incidência de casos de câncer de próstata no Brasil e qual é o grupo de maior risco?
Estima-se que para o ano de 2018 teremos cerca de 68.000 novos casos de câncer de próstata. É o tipo de câncer mais comum entre os homens (excluindo os tumores de pele). Para se ter uma ideia comparativa, no mesmo ano estima-se que a incidência do câncer de mama nas mulheres seja de 60.000 casos.
- A partir de que idade os homens devem começar a ir ao médico e com que frequência? Homens fora dessa faixa etária não correm risco de desenvolverem o câncer?
A ida ao urologista normalmente é um tabu para muitos homens, o que não faz sentido na atualidade. O que se recomenda é que homens assintomáticos, que desejam se informar sobre os benefícios e riscos associados ao rastreamento do câncer de próstata, procurem um urologista para orientação especializada. Essa consulta normalmente ocorre entre 45 e 50 anos de idade.
Aquelas pessoas com casos de câncer de próstata na família (principalmente parentes de primeiro grau) devem procurar o urologista mais cedo, normalmente aos 40 anos de idade. A frequência das consultas varia caso a caso e deve ser individualizada dependendo dos fatores de risco.
- Quais são os sintomas do câncer de próstata?
Os principais sintomas do câncer de próstata são: dificuldade para urinar, alteração no jato da urina e alteração no hábito urinário (por exemplo: acordar várias vezes à noite para urinar). Esses sintomas não ocorrem somente no câncer de próstata, podem ocorrer também na prostatite e na hiperplasia prostática benigna. Em fases mais avançadas da doença podem ocorrer ainda dor óssea e dor pélvica.
- Com os atuais exames, como o PSA, é possível dispensar exames pela via retal na investigação do câncer de próstata?
Alguns estudos de rastreamento não utilizaram o exame de toque retal para diagnóstico do câncer de próstata. O principal exame é o PSA. Dependendo da faixa etária do paciente e do valor do PSA em algumas situações, pode-se sim dispensar o exame de toque retal.
- Quais sequelas o tratamento pode deixar?
As mais comuns são impotência sexual, incontinência urinária, sangramento urinário e retal.
- Por que ainda há tanto preconceito e medo da realização do toque retal?
Acredito que esse preconceito se dá porque nem todos no Brasil têm acesso a informação de boa qualidade.
- Como é feito o diagnóstico do câncer de próstata?
O diagnóstico precoce do câncer de próstata deve ser feito de forma individualizada. O homem deve procurar o Urologista que, após uma avaliação de fatores de risco como idade e história familiar, discutirá com o paciente o melhor momento de se realizar exames como o PSA e o toque retal. O diagnóstico normalmente é feito por uma biopsia da próstata guiada por ultrassom.
Importante ressaltar que o diagnóstico precoce reduz o número de tratamentos e os gastos com saúde da sociedade como um todo. Uma pesquisa recente, realizada pela SBOC, mostrou que no Brasil um número significativo de homens (39%) e mulheres (10%) não realiza nenhum exame preventivo. Desse total, uma pessoa em cada cinco (20%) não procura exames por não achá-los importantes. São pessoas que acreditam que nunca irá acontecer com elas.
- Quais são as novidades da medicina para o rastreamento e tratamento do câncer de próstata?
O tratamento depende da fase em que a doença é diagnosticada. Em situações em que o câncer está localizado na próstata, os tratamentos mais empregados são a cirurgia e a radioterapia. Em algumas situações, pode-se realizar também uma observação vigilante da doença, em que o tratamento definitivo é adiado.
Em tumores mais volumosos, porém ainda localizados, muitas vezes se faz necessário o uso de mais de uma medida de tratamento, como a cirurgia e a radioterapia, além também do tratamento hormonal.
Naqueles casos em que o câncer foi para outros órgãos, as opções de tratamento são várias e devem ser individualizadas caso a caso. As modalidades de tratamento mais frequentemente empregadas são a hormonioterapia, quimioterapia, drogas que agem nos ossos e radioterapia antiálgica.
As principais novidades são a cirurgia robótica e as drogas como a abiraterona, enzalutamida e radium 223.