As hepatites virais são doenças silenciosas que atacam o fígado, e dificilmente são detectadas no início do contágio, podendo desenvolver uma forma aguda e levar a hospitalização ou morte. Os cinco tipos de hepatite possuem diversas formas de contágio e prevenção - alguns tipos, inclusive, podem ser evitados através da vacinação. O Blog Vida em Equilíbrio entrevistou o médico clínico Dr. Paulo Alencastro, que esclareceu algumas dúvidas comuns em relação à vacina contra a hepatite.
De acordo com o Dr. Paulo, as hepatites A e E podem ser transmitidas através da má higiene dos alimentos, água contaminada e falta de saneamento básico. "Em relação às hepatites B, C e D, o cuidado se volta ao corpo. A transmissão ocorre por meio do contato com o sangue, esperma e outros fluídos corporais contaminados", aponta o Dr. Paulo. Para evitar o contágio, é importante não compartilhar agulhas, lâminas de barbear ou escovas de dente e usar preservativo em todas as relações sexuais. No combate às hepatites do tipo A e B, contamos, ainda, com a ajuda da imunização, pois são as únicas que podem ser prevenidas através da vacinação.
Para garantir a imunização completa, é necessário estar atento às doses da vacina. Alencastro explica que, no caso da hepatite A, devem ser realizadas duas doses com um intervalo de um mês, e de 6 a 12 meses depois, reforçar com uma terceira dose. Na imunização contra a hepatite B, são necessárias três doses, sendo a segunda e a terceira com um intervalo de 1 e 6 meses depois da primeira. As crianças também podem receber a imunização para as hepatites, aplicada em doses menores, sendo administrados 0,5 ml da vacina, enquanto nos adultos a aplicação é de 1 ml.
Em relação ao Calendário de Vacinação, a rede pública de saúde oferta a imunização contra a hepatite A para os seguintes públicos: crianças de 15 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias; crianças menores de 13 anos com HIV; adultos portadores de doenças hepáticas crônicas e problemas de coagulação; adultos portadores de HIV e das hepatites B ou C; pessoas com doenças genéticas, trissomias ou fibrose cística; candidatos a transplante de órgão; transplantados e doadores de órgão ou de medula óssea; pessoas com doenças do sangue e imunodeprimidos. Já a vacinação para hepatite B pode ser feita logo após o nascimento. Além disso, é realizada em adolescentes de 11 a 19 anos, adultos de 20 a 59 anos, gestantes e idosos acima de 60 anos (dependendo da situação vacinal). "A vacinação também é indicada para profissionais da saúde, hemofílicos, nefropatas e imunodeprimidos", afirma o especialista.
Como qualquer imunização, as vacinas contra as hepatites A e B podem ocasionar algumas reações. "As doses contra hepatite A podem causar vermelhidão, enduração e dor, todos de intensidade leve, em menos de 25% das crianças e 60% dos adultos. Efeitos como cefaléia, mal-estar geral, fadiga e febre são relatados em aproximadamente 15% dos vacinados, mais frequentemente em adultos, e a anafilaxia é rara", aponta Alencastro. Após a aplicação da vacina contra hepatite B, pode ocorrer dor no local da injeção, febre baixa, mal estar, cefaleia e fadiga.
Mas afinal, existe alguma contraindicação para receber a imunização? De acordo com o Dr. Paulo, a vacinação contra a hepatite A é contraindicada na ocorrência de hipersensibilidade imediata após o recebimento de dose anterior, ou de histórico de hipersensibilidade aos componentes da vacina. A vacinação contra a hepatite do tipo B também é contraindicada para pessoas com hipersensibilidade aos componentes da vacina. Além disso, Paulo explica que, "quando a vacina for com bactéria atenuada ou vírus vivo, ela é contraindicada em casos de imunodeficiência congênita ou adquirida, neoplasia maligna e tratamento com corticoides".
Apesar de todos os cuidados com a higiene e prevenção contra as hepatites, a vacinação é a forma mais segura de evitar que sejamos infectados pelo vírus A e B. Se você tem interesse pela imunização, procure seu médico de confiança. Cuide-se!